sábado, 4 de outubro de 2014

AS CRIATURAS DA NEBLINA.

Essa foi uma história que aconteceu
comigo próximo ao ano 2000, e eu
nunca vou esquecer.

O relato é um tanto longo, mas vale
a pena lê-lo por inteiro.
Tudo aconteceu em uma viagem de
duas semanas que eu fiz com a
minha família.
Era inverno e nós tínhamos ido para
uma casa que é dos meus avós, no
interior de são Paulo.
Fomos eu, um primo, meus pais, um
tio e uma tia.
Não era uma casa muito grande, mas
o terreno era enorme.
Era uma casa embrenhada no meio
do mato, só que lá não tinha nada
para fazer.
A cidade ficava longe e não tinha
nenhuma casa vizinha.
A única coisa que tinha era um
riacho que dava para nadar (se você
não ligasse para a água que estava
gelada) e nem televisão tinha.

nossa maior diversão era uma bola
de futebol.
Eu e o meu primo estávamos com a
mente bem ociosa, e o tempo que a
gente não tava jogando bola
estávamos conversando besteira, e
não demorou muito para as histórias
de fantasma aparecerem.
Nós ficamos um tempão vendo quem
ficava mais assustado.
De noite a gente pegava pesado nas
histórias, mas depois de dois dias já
não conseguíamos nos assustar
mais.
Na metade da viajem os adultos já
estavam de saco cheio de ficar lá
parados o tempo todo também e
resolveram sair para a cidade.
Eu e o meu primo não estávamos
com saco pra fazer turismo, então
ficamos na casa mesmo.

Como éramos dois moleques de 16 e
17 anos, eles não viram problema
nenhum em nos deixar sozinhos.
Quando anoiteceu eles saíram e nós
ficamos lá jogando baralho.
O tempo foi passando e a
temperatura abaixando e uma
neblina forte baixou na região.
Mas a neblina estava tão forte que
não dava pra ver nada que estivesse
a vinte metros da casa.
Eu fiz um comentário meio besta
sobre a neblina do tipo: "É, é numa
neblina dessa que o capeta
aparece".
Pronto, o meu primo esqueceu do
baralho foi pra janela e começou a
me encher o saco:

- Eu duvido você ir lá fora!

- Ah cara, não enche, eu não vou sair
nesse frio!.

E a conversa foi mais ou menos essa
pela próxima meia hora, ele me
enchendo o saco para sair e eu com
nem um pouco de vontade de sair lá
fora. Até que ele falou:

- Cara, eu acho que vi algo lá fora!.

Como isso era a coisa que ele mais
falava desde que a gente começou a
falar sobre fantasma, eu nem liguei,
mas ele insistiu.

- Cara, é sério, eu vi alguma coisa lá
fora!

- Meu, não enche, você ta falando
isso faz quatro dias direto, porquê
acha que eu vou acreditar agora?.

E ai eu olhei pra cara dele, e ele
estava com uma expressão meio
confusa. Eu falei:

- Que foi que você tá com essa cara
de bunda?

- Eu to falando sério cara, eu vi
alguma coisa lá fora!

Aí eu comecei a ficar com aquela
sensação de que a coisa era mais
séria do que parecia.
A minha primeira reação foi sair
correndo pela casa e trancar as
portas e janelas.
Quando eu tranquei a porta da
cozinha ele berrou da sala falando
que tinha visto de novo.
Eu sai correndo e fui pra janela ver
se via algo também.
Meu primo já estava meio assustado
e tava explicando que tinha visto já
alguma coisa lá fora quatro vezes e
tava apontando onde tinha visto.
Só que não dava pra ver quase nada
por causa da neblina, e a única luz
que tinha lá fora, a da varanda,
estava queimada.
A gente ficou olhando pelas janelas
da casa por mais uns dez minutos
sem ver mais nada.
De repente ele me solta um berro e
eu saio correndo pra ver o que era,
e encontro ele apontando
desesperado lá pra fora.

- Ali! Ali! Eu to vendo agora! Olha lá!

Eu olho o que ele estava apontando
e o que tem lá? EXATAMENTE! A
BOLA!

- Ô sua besta, aquilo é a bola!

- Eu sei que é a bola, mas ela não
tava lá! Ela rolou pra lá da neblina!

Ai eu comecei a pensar o que podia
ser, e eu vi que a gente precisava se
acalmar e pensar racionalmente um
pouco. Eu falei pra ele:

- Olha, provavelmente deve ser
algum bicho, cachorro, gato, porco do
mato. Deve ser algum bicho que está
brincando com a bola.

Ele parou pensou um pouco e eu
não sei se ele acreditou ou se ele
quis acreditar.

- É mesmo, deve ser algum bicho,
né?

No que nós dois aceitamos isso a
gente se acalmou um pouco e
começamos a tirar sarro um do
outro.

- É o demônio que ta lá fora, ele vai
te pegar!

- É o saci pererê que vai te puxar o
pé hoje a noite!

E com isso a gente se acalmou
bastante. Foi quando a eu lembrei
da bola.

- Acho melhor a gente pegar a bola,
se for algum cachorro provavelmente
vai sumir com ela e acabou uma das
únicas coisas que a gente tem pra
fazer aqui.

Ele olhou pra mim com um sorriso
que ia de orelha até orelha:

- Então vai lá pegar!

Eu olhei pra ele, olhei pra bola,
olhei pra ele de novo, olhei a bola
sozinha lá fora, olhei pela janela não
vi nada.

- Eu vou, você que é um bunda fica
ai choramingando na janela.

Eu abri a porta e sai. Fui andando
até a bola olhando pros lados na
maior atenção.
Só sentia aquele frio na espinha. Eu
cheguei na bola, peguei ela e
quando ia virar pra voltar eu ouvi
uma espécie de chiado.
Quando eu olhei na direção do
barulho vi uma coisa que parecia
estar abaixada em quatro patas.
Eu pensei "gato filho da p... Vai
assustar a tua avó".
Quando eu ia virar pra ir embora,
aquilo levantou e ficou em pé nas
duas "patas" de trás, olhou pra mim
se curvou um pouco como se fosse
pular em cima de mim e soltou um
gemido meio estranho.
Eu taquei a bola com tudo naquilo e
sai correndo o mais rápido que eu
pude para a casa.
No que eu estava na metade do
caminho eu comecei a ouvir aquilo
correndo atrás de mim, e parecia
que tinha mais dois vindo pelo lado.
Eu entrei correndo na casa sem
olhar pra trás e bati a porta com
tudo.
De repente eu ouço três batidas na
porta, como se alguma coisa tivesse
batido nela.
Eu tranquei a porta e fui pro outro
canto da sala. Eu olhei pro meu
primo e falei:

- O que foi que bateu na porta? O
que foi que bateu na porta?

- Sei lá cara, você se jogou pra
dentro eu olhei pra você, não vi o
que foi que bateu na porta. O que
aconteceu?

Ele olhou pela janela e deu um
berro e pulou pra longe da janela.
No que ele fez isso a gente correu
pro quarto, trancou a porta e ficou
longe da janela (que já estava
fechada). Ele virou pra mim e falou:

- O que era aquilo?

Eu olhei pra cara dele e não
conseguia falar.
No resto da noite a gente ficou
quieto. Ele não falou mais nada, e
nem eu.
Quando os adultos chegaram a gente
já estava dormindo.
No dia seguinte a gente não falou
nada pra eles.
Quando eu saí eu vi a bola murcha
do outro lado da casa.
Quando eu peguei ela, tava toda
rasgada e tava fedendo muito.
Tava com cheiro de carniça. Eu
mostrei a bola pro meu primo.
Ele perguntou o que tinha
acontecido comigo lá fora na noite
anterior e eu falei.
Então eu perguntei o que ele viu na
janela depois que eu entrei.

Ele falou que lá fora tava meio
escuro e não tinha dado pra ver
nada direito, mas ele falou que viu
duas coisas na frente da porta e
uma já virando a esquina da casa
indo pra lateral.
Das que tinham ficado na porta uma
tava tentando empurrar a porta e a
outra olhou pra ele e mostrou os
dentes.
Eram todos tortos, pareciam que
estavam podres, e aquela coisa
parecia um homem pequeno, mas
com uma cabeça meio
desproporcional ao corpo, um pouco
maior, e era meio marrom.
Depois que ele viu o bicho ele
berrou e pulou pra longe da janela.
Nós não falamos pra ninguém o que
tinha acontecido, porque ninguém ia
acreditar mesmo.

A bola eu joguei no meio do mato
depois, nunca mais vi ela.
O resto da viagem a gente não
desgrudou dos nossos pais e sempre
que começava a ficar escuro a gente
entrava.
Depoisque fomos embora a gente
nunca mais quis voltar pra lá.
Nas outras noites a gente não viu
nada lá fora. Não sei o que era
aquilo, mas será que eles aparecem
só com a neblina?


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